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sábado, 26 de janeiro de 2013

Fixação em Algo, Alguém ou Alguma Coisa


A fixação humana em algo, alguém ou alguma coisa é o que a psicanálise nomeou NEUROSE.
Se eu não me fixa-se, não seria neurótica... Não iria a um analista... Não precisaria me tratar...  Pois a falta de algo, alguém ou alguma coisa não me faria falta nenhuma...
Poderia viver livre como os animais o fazem (os menos evoluídos ao menos - os mais evoluídos tem pares fixos até o final da vida e são monogâmicos - talvez a fixação venha da evolução). E, possivelmente: FELIZ!
Caso não nos fixassemos, poderíamos a cada dia ter uma vida diferente, amar pessoas diferentes e ser "livres" - assim são os humanos presos em hospitais psiquiátricos: pois não tem medida prá nada, nem prá ninguém - os neuróticos então entenderam separa-los em espaços que os contivesse, já que sua própria mente não o faz. Assim surgiram os asilos e as prisões: para aqueles que não são capazes de interiorizar regras, controlar os seus instintos, as suas pulsões.
Então a melhor coisa da vida - ainda é uma neurose - onde a psique se forma e prende nossos instintos animais nas paredes do corpo e nos impede de "cometer loucuras". Claro, o sistema não é perfeito. A fixação pode ser de um escape dessas paredes, e condenar alguém a algo próximo de uma genialidade: a civilização se deu assim. Por alguém que desenvolveu coisas a partir de sua própria loucura e busca incansável, por algo, por alguém ou por alguma coisa.
A Neurose pode parecer com a Loucura, pois os gérmens da pulsão também estão aqui também. A diferença é que os neuróticos tem redes de segurança contra si mesmo: e tentam por todo custo se defender contra algo que vem de si mesmo.
O que a cultura diz hoje é que devemos ser livres: mas como ser livres de nós mesmos?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Obstetras cobram taxa extra para fazer parto (GAZETA)- Outra Opinião (PSICOCARDIO)

http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1147993&tit=Obstetras-cobram-taxa-extra-para-fazer-parto

A novidade, segundo a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (Sogipa), tem tudo para virar uma prática oficial da especialidade. Usuários da Unimed Curitiba, precisariam pagar R$ 2,3 mil “por fora” caso quisessem que a profissional ficasse à disposição 24 horas para a realização do parto – a opção seria o atendimento pelo plantonista do hospital. Indignado, o casal procurou outra profissional que disse também cobrar um valor adicional para o parto, entre R$ 800 e R$ 1 mil. Procurada pela reportagem (GAZETA), a Sogipa, que representa cerca de mil ginecologistas e obstetras no estado, disse que o valor adicional, chamado de “taxa de disponibilidade”, é uma iniciativa da classe como um todo.
O promotor da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba, do Ministério Público do Paraná, o promotor Clayton Albuquerque Mara­nhão diz que a cobrança adicional para a realização do parto a qualquer tempo pode ser contestada justamente porque a maior parte dos nascimentos tem ocorrido por cesária, que, na maioria das vezes, tem data e hora marcada. Além disso, qualquer cobrança por procedimento coberto pelo plano merece avaliação mais detalhada. O promotor pede que consumidores com o mesmo problema entrem em contato com o MP-PR, por e-mail (consumidor@mp.pr.gov.br).
A Unimed Curitiba informou, por nota, que não compactua com a conduta, na medida em que, havendo cobertura para o procedimento, a Unimed Curitiba emite a autorização das guias necessárias para a sua realização, não sendo devido qualquer pagamento pelo cliente e nem tampouco a necessidade de alteração da acomodação contratada. A cooperativa pede que casos como esse sejam relatados à ouvidoria, no número 0800-6422002.




Outra Opinião (PSICOCARDIO) 


Esses são os dados da reportagem da GAZETA DO POVO e manchete dos jornais de hoje. 
Não há espanto - a história da medicina caminhou para a Era da Especialização e temos profissionais capacitados para funções tão específicas que é um espanto - no melhor e no pior sentido.
Aqui em Curitiba, se você for cliente da UNIMED, e eu - sou uma mulher - e vejo muitas mulheres profissionalmente que procuram por um ginecologista, que também seja um obstetra. Alinhar as duas funções é possível, mas não raro que o ginecologista não seja obstetra. Se como usuária - você perguntar por algum que faça PARTO NORMAL - aí o espanto aumenta. Pasmem, mas a maioria dos médicos hoje oferece A CESÁRIA e a promove como O MELHOR MÉTODO PARA O PARTO. Na verdade, como diz a reportagem da GAZETA:  a cesária ocorre com data e hora marcada, o que é uma economia de tempo para o médico que pode chegar, e no valor otimizado de uma cirurgia pode estar saindo: acredito que na era pós-industrialização é a melhor forma de colocar bebês no mundo "em série" sem levar em conta a natureza.
Enfim: PARTO NORMAL - alguns ginecologistas e obstetras apresentam um ar de deboche sobre o assunto - e sugerem que você então se dirija ao MULHER CURITIBANA um programa da Prefeitura de Curitiba, que oferece o serviço do Hospital Evangélico.
Enfim, você também pode procurar um DOULA - que seria uma parteira alternativa - que atende em casa, ou pagar por algum dos raros médicos que ainda se dispõem a esse serviço - mas que não se submetem a planos de saúde.
Há alguns anos, a classe média - para ter um atendimento melhor do que os oferecidos pelo governo (os quais pagamos através de impostos) se mobilizou e separou uma parte de sua renda para os planos de saúde oferecidos por cooperativas médicas, já que esses profissionais (os médicos) também recebiam miséria do SUS,  e não poderiam cobrar o mesmo valor que de uma classe A para os demais (uma consulta de um profissional de renome pode custar entre um e dois salários mínimos).
Enfim, deveria ser bom para todos - ledo engano. Os médicos hoje não estão satisfeitos porquê as cooperativas exploram toda a classe em detrimentos de alguns (médicos que administram a cooperativa). E, claro, os usuários ficam chocados, pois pagam bem e não tem um serviço a contento.
Enfim: em tempos modernos a história do senhor e do escravo se repete. Alguns poucos enriquecem para os escravos que padecem.
Mas as perguntas que não calam são:

"você que escolheu ser médico - que jurou o discurso de Hipócrates - que também escolheu como especialidade a ginecologia e obstetrícia - acha justou impor horário de nascimento aos bebês e um método que lhe favorece?"

"você que escolheu ser médico - que jurou o discurso de Hipócrates - que também escolheu como especialidade a ginecologia e obstetrícia - acha justou não compactuar com a natureza humana e negar o parto normal as mulheres?

"você que escolheu ser médico - que jurou o discurso de Hipócrates - que também escolheu como especialidade a ginecologia e obstetrícia - acha justou se inscrever em um plano de saúde e cobrar a conta duas vezes?"

Enfim - exploração é a palavra da vez no dia a dia da humanidade, o fato é que: se eu explorar o próximo tudo bem - melhor prá mim; contudo jamais admitirei ser explorado. Será mesmo que os senhores e os escravos se foram e ficaram apenas na retórica da filosofia?




terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo!!

Ano Novo é a data que "zera" o contador social.
Dá a chance de você se programar mais uma vez para os próximos doze meses.
De pensar no novo: das possibilidades - do tempo de novos projetos, então: APROVEITE!
FELIZ ANO NOVO!

como foram minhas últimas férias...

Fui uma criança "traquinas" - daquelas bastante curiosa e corajosa - o que me trouxe como resultado na vida: uma juventude mais atenta e cuidadosa e uma maturidade de planejamento e precaução. Muitas vezes isso faz a espontaneidade ir embora e deixa a vida um tanto "previsível e segura"; mas é prático, maduro e desejável... Será?
Tirei 8 dias de férias em uma Fazenda, com uma amiga de infância e suas filhas - um dos objetivos, além do "descanso" era recobrar lembranças e vivências do infantil.
No dia em que chegamos o Júnior tinha salvo dois filhotes de quati e fomos ver, ele estava cuidando dos dois, do cachorro, dos papagaios, da mulher e da filhinha que era uma bonequinha, senti confiança: adoro quem goste de bicho e criança: é sinal de ser boa pessoa.
O dia acabou... Então, nada melhor que dividir o quarto com uma colega de 9 anos, acordar entre 5h30 e 6h da manhã, levar o copo de chocolate para beber "shake" direto da vaca, arrear os cavalos e montar a manhã inteira. Eu tenho esse registro de lembrança infantil - também tenho um tombo a cavalo aos 12 que nunca esqueci...
Enfim, avisei no primeiro dia: "olha me veja um cavalo velho e mansinho, porquê agora que sou velha já não tenho toda coragem que tinha..." e assim o "cavalariço" - peão da fazenda fez.
Me deram o "Paraná" um cavalo de 10 anos - o que deve equivalente aos meus 38 anos: esperto mas nem tão ligeiro assim, com o decorrer da manhã, a medida que eu mesma me sentia confiante e soltava a rédea ele foi mostrando que sabia fazer sozinho (muito além da minha vontade) que sabia "tocar os bois sozinho - independente de quem estava sobre ele". Gostei! Falei espantada pro peão: "puxa ele faz o trabalho sozinho..." ao que ele respondeu "verdade: o Paraná ensinou todos os cavalos aqui da fazenda..."; fiquei orgulhosa, estava montando um cavalo experiente - não tão viril, mas esperto! Paramos para comer manga e eu até descasquei duas mangas prá ele, os peões riram a beça: "ô Letícia, não precisa descascar a manga pro cavalo..." mas fiz questão: e vendo que ele se babava fiquei satisfeita, mesmo tendo que limpar as mãos na calça.
No dia seguinte fomos a estância, onde funciona a sede da fazenda. Lá os peões que nos acompanhavam (o Júnior e o Dinei) avisaram o Biscuila que eu era medrosa, eu não vi mas imagino que foi isso que aconteceu porquê o tal peão que não me conhecia veio debochando com um cavalo chamado Pretinho prá eu montar e avisando: "olha que esse empina" - eu respondi: "moço, você está brincando com coisa séria, eu tenho medo sim e cavalo sente, se ele empina melhor eu nem montar..." Quando eu vi que era brincadeira, subi no cavalo e fui "quase sem medo". Pús na cabeça que era só ficar perto do Junior que não ía ter problema nenhum, e assim fui. Mas caso foi, que o tal Júnior foi chamado a montar um cavalo cego do olho direito e que eu, estava andando na ída, à esquerda... Fomos ao campo buscar os bois - e na volta, eu vinha à direita - pois apenas dei a volta... E esqueci o lado cego do cavalo. Acontece que boi, assim como carneiro, é "fácil" de levar, mas as vezes, um deles se rebela, e outros vem com eles, nesse movimento, perto da segunda porteira, paramos para realinhar os bois.
Nessa, eu estava indo, e o cavalo cego, foi prá perto da porteira, pois não me viu, e me prensou na cerca: comecei a gritar: "ai minha perna... aiaiaiaiaia..."- ouvi: "solta as rédeas que você vai perder a perna!!" Apavorei e soltei: paft! O barulho do meu corpo se chocando no chão. Quando olhei prá cima, vi o susto na expressão de 5 peões e da menina que estavam comigo pensei "f-o-d-e-u", vieram me levantar, pedi prá ninguém mexer em mim, demorou para sentir o corpo de volta: doía tudo, me levantei. Ouvi um deles perguntar: "e agora o que você quer fazer?"- foi muito rápido, pensei no mico de levar o cavalo na mão ou pior, subir na garupa de alguém, nem pensar... sou velha e medrosa, mas ainda um tanto orgulhosa: andei até o cavalo me agarrei na cela e disse "Caralho!! Vou subir no cavalo!" Um peão disse "o que você disse doutora?" e eu respondi "eu sei: caralho é algo que eu não tenho, mas você não quer me ver chorar e desistir agora né? S'imbora..."
E aí, montei todos os outros dias, sem o mesmo sentimento de apreensão.
CONCLUSÃO:
O novo habita dentro de nós, o medo incontido acontece de coisas que sabemos que podem acontecer e acontecem. Mas cair, se machucar - processar, xingar - levantar e seguir: é tudo parte de um processo, estranho, contudo: muito natural. A vida é cheia de tombos. Então, o que nos resta é seguir...
E os outros dias, sem o Pretinho, pois não voltei mais na estância: todos em parceria do Paraná, foram dias em que nós dois: um cavalo e uma mulher - ambos experientes (e um tanto velhos) nos divertimos muito juntos.