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sexta-feira, 8 de março de 2013

Sobre as mulheres...

Em alemão existem três pronomes de tratamento: Der - masculino; Die - feminino e Das - neutro. 
Na Alemanha nascemos Das Baby (Bebes) e crescemos Das Kind(er) (crianças) e, as mulheres - até a queda do muro em 1989 - Das Fräulein (mulheres soleiras tinham o uso do pronome de tratamento neutro). O homen - Der Männ; a mulher casada Die Frau e as solteiras (até 1989), Das Fräulein. 
Pode parecer uma bobagem - mas em 1989 - as mulheres "solteiras" reivindicaram o seu lugar social exigindo - como os homens tinham o seu pronome de tratamento Der; o próprio Die - sendo casadas ou não.
Levando em conta que a língua é como se estrutura o pensamento, o inconsciente e a evolução de toda uma sociedade e a sua cultura - é relevante que a psicanálise alemã (Freud) descreva acintosamente os processos subjetivos e psíquicos da raça humana.
Lacan lendo Freud afirmou: "a mulher não existe" e complementou "senão para um homem". Acredito que para além de entender o pronunciamento da língua mãe da Psicanálise, levou em consideração os seus estudos de topologia, onde somos - como seres humanos - construídos como uma garrafa de Klein. E que, na possibilidade da quarta dimensão: essa que não alcançamos, temos o inconsciente marcado em nós.
E no pronunciamento do desejo - de um homem por uma mulher - temos o encontro de dois vasos comunicantes, onde por que um transborda de libido, o outro se enche: e vice-versa. Penso que por isso também disse que: "os sentimentos sempre são recíprocos, mesmo quando não são correspondidos". Daí surge a sensação de amor ou ódio que temos como seres humanos um pelos outros: as demandas que nunca se esgotam de um lado - e do outro um sentimento verdadeiro e expontâneo que é algo para além: o que a psicanálise denominou Desejo: algo que se movimenta por si mesmo: ao que os poetas chamam de paixão e encantamento, pelo o que se fizeram guerras na humanidade e pelo qual as pessoas se prendem para uma vida inteira.
Eu acredito que isso é algo do que conhecemos atavicamente, e compreendemos ao ver a imagem de um homem das cavernas carregando uma mulher pelos cabelos "sorrimos", "achamos graça"; existe nesse sorriso a compreensão de algo desconhecido, inconsciente: de que existe uma fantasia amorosa da captura. Todos nós humanos, queremos ser capturados pelo desejo do outro: e isso está naquele olhar, naquela voz, naquele outro, que faz você sorrir para sempre: e que no fundo, você sabe que se te desse uma pancada e lhe arrastasse prá caverna - apesar de tudo: seria "feliz para sempre".
As histórias de amor e os contos de fada que expressam o "encontro" de um homem e uma mulher - que se casam - e "foram felizes para sempre" é a seqüência do desenho apresentado, e o esboço da intuição da psicanálise sobre o desejo...
Na verdade - essa é uma tentativa simplista de dizer que um bom encontro, é o encontro com o desejo. E que, apesar desse conceito ser tão complexo, acontece no movimento de vida tão simples, quanto uma pictograma de uma caverna, no enredo de um conto infantil e na sutileza de nosso dia a dia.
É isso. Porquê o bom mesmo - está no que temos de mais primitivo: as pulsões, os instintos e o desejo - o que irá lhe mobilizar e fazer com que queira alguém ao seu lado, para ser uma mulher.
Então feliz dia da mulher, para você que tem alguém que lhe deseje tanto quanto você deseja, para que possa ser sua mulher - para sempre: e aí, a felicidade também será por sua conta!!